sexta-feira, 29 de abril de 2011

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Anel de Tucum

“Eles podem esquecer o que você disse, mas nunca esquecerão como você os fez sentir-se”.


Carl W. Buecher


Sempre achei interessante o hobby de algumas pessoas que colecionam das mais diferentes coisas. Tesouros. Bizarrices. Quinquilharias arquivadas com cuidado, em prateleiras de madeira nobre ou caixotes de frutaria, antiga quitanda para os maiores de muitos anos.
Tesouros exibidos com certo orgulho. Tampinhas de garrafa antes de virar de plástico das antigas. Moedas. Notas de dinheiro antigo com valor de colecionador. Discos em vinil e CDs que ostentam a predileção e limitação do dono: nunca ouvirá tudo.

Sempre pensei em colecionar algo. Porém, devido à dificuldade em ter que dispor de verba, local adequado tanto para adquirir os pequenos mimos como guardá-los e conservá-los, desisti. Preferi colecionar lembranças e registrar estas memórias à tinta. Que na falta da cor de praxe, o azul, a vermelha, o verde, o preto ou até o bom grafite mesmo, cai muito bem! O que vale é o registro da “coleção”.

Parte desta minha coleção vem dos tempos de pré-adolescente, em que lia e ouvia falar de coisas e pessoas que não entendia muito bem, mas já adquiria e, como o filatelista, guardava em um compartimento especial de minha memória.

Das muitas histórias e personalidades que arquivei, está o Anel de Tucum e o seu, por assim dizer “dono”. Um bispo que devolve o seu anel de bispo e adota o anel de casca de árvore nativa da selva amazônica para simbolizar a sua opção preferencial pelos pobres. O anel, confeccionado no supra-sumo do rudimentar pelos índios que pedem licença para a árvore para não a machucarem e nem se ferirem tanto, uma vez que ela tem espinhos, vira então o adorno com significado: respeito à vida. Esta história sempre me encantou, pois retrata o amor que requer desafios em favor do outro, seja ele Gente, bicho ou planta.

Quando ele me reconheceu naquele domingo, Dia das Mães, quase não acreditei. Dez anos desde o primeiro contato, quando no hospital público deu entrada por ter sido vitimado por três tiros quando ‘trabalhava na avenida’. Um na região do abdome e dois na perna esquerda. Estes na altura do joelho e panturrilha. O vasculhar sentenciou: tem que amputar. Como dizer isso aquele moço de dezenove anos?
Sem aceitar o veredicto, e orou. Orou. Com tamanha intensidade que, como diria Teresa de Calcutá, "encheu os céus com as orações" e atingiu o coração de Deus.

Ali estava ele, dez anos depois, calça jeans e peruca loura. Blusa transparente por cima de uma mini blusa tentando combinar com a placa do Motel. Gosto duvidoso. Cabelo com tintura sem retoque e desgrenhado. Maquiagem borrada num rosto sofrido. Pomo de Adão saltava aos olhos. Exploração estampada num silicone decadente. Olhar cansado. Olhar que, apesar dos anos, me reconheceu e confidenciou a minha filha: "reconheci tua mãe pelos olhos”.

Foi assistido por Deus em sua dor. As orações fizeram incomodar o coração de outros que arcaram com o tratamento de Câmara Hiperbárica que reconstituiu os tecidos necrosados de membro inferior esquerdo. Suspensa a amputação. Fez lembrar a fé do centurião romano pedindo que a cura de seu servo. Cristão tem mesmo pouca fé...

Meu anel de Tucum é novo, externamente falando. Ganhei recentemente de amigos passageiros de um curso de verão. Desnecessário dizer que é só um adorno. A opção veio antes do anel. Retrata o óbvio: escolhi o que Deus escolheu primeiro, os pequeninos. Meu coração materno que explique o que com palavras, é impossível!

O calor daquele abraço num domingo de manhã, Dia das Mães, onde filhos já aguardam nas filas de restaurantes para almoçar e impressionar suas mães e até parentes e amigos, não tem preço ou gorjeta que paguem.


Pura gratidão em troca de compaixão.

É o próprio Evangelho sendo visto na ótica do Anel de Tucum, traduzindo a máxima do próprio Deus:

“Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.”

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Gratidão

Salmos 136

Dêem graças a Deus, o SENHOR, porque ele é bom;
o seu amor dura para sempre.
Dêem graças ao mais poderoso de todos os deuses;
o seu amor dura para sempre.
Dêem graças ao mais poderoso de todos os senhores;
o seu amor dura para sempre.
Somente o SENHOR faz grandes milagres;
o seu amor dura para sempre.
Pela sua sabedoria, ele fez os céus;
o seu amor dura para sempre.
Ele pôs a terra sobre águas profundas;
o seu amor dura para sempre.
Ele fez o sol e a lua;
o seu amor dura para sempre.
Fez o sol governar o dia;
o seu amor dura para sempre .
Fez a lua e as estrelas para governarem a noite;
o seu amor dura para sempre...

Ele tirou do Egito o povo de Israel;
o seu amor dura para sempre.
Ele os tirou com a sua mão forte e com o seu braço poderoso;
o seu amor dura para sempre.
Ele dividiu o mar Vermelho em duas parte;
o seu amor dura para sempre .
Fez com que o povo de Israel passasse pelo meio do mar;
o seu amor dura pra sempre...

Quando fomos derrotados, Deus não esqueceu de nós;
o seu amor dura para sempre .
Ele nos livrou dos nossos inimigos;
o seu amor dura para sempre.
Ele dá comida ao seres humanos e animais;
o seu amor dura para sempre.

Dêem graças ao Deus do céu;
o seu amor dura para sempre.

domingo, 24 de abril de 2011

Para se pensar!

Cada dia é o dia do julgamento, e nós, com nossos atos e nossas palavras, com nosso silêncio e nossa voz, vamos escrevendo continuamente o livro da vida. A luz veio ao mundo e cada um de nós deve decidir se quer caminhar na luz do altruísmo construtivo ou nas trevas do egoísmo. Portanto, a mais urgente pergunta a ser feita nesta vida é: O que fiz hoje pelos outros?

Martin Luther King

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Aos Chocólatras


Feliz Páscoa Verdadeira a Todos!

Páscoa de um homem que sequer conheceu um chocolate e assiste adoradores desta iguaria se acotovelando em hipermercados lotando carrinhos e mais carrinhos com pagamentos parcelados a perder de vista, mas incapazes de acolher o pobre, o idoso, a viúva, o estrangeiro, o doente, o preso, o desvalido, o doente da alma, o marginalizado entre tantos outros excluídos neste nosso mundo sem tempo para os outros somente para si mesmo.

Páscoa de um homem que nos amou e continua nos amando, com todas as nossas falhas, erros, 'picaretagens' pois, miseráveis que somos absolutamente maus em nossa essência, ainda assim Ele continua nos amando e esperando por nós em cada Páscoa.

Páscoa de um homem que, embora vencendo a morte com toda a dor e sofrimento, e por amor a todos nós, se fez homem, sofreu angústias sentiu dores no físico e na alma.

Páscoa de um homem que Ressuscitou. Ressurgiu do mundo dos mortos para que pudéssemos celebrar vida, e vida em abundância. Aleluia!

Páscoa de um homem que não conheceu bacalhoada, mas celebrou a festa da família, reconhecendo a todos aqueles que o amam e que escolhem andar com Ele seguindo Seus passos como "irmão e irmã".

Páscoa de um Adorador ao Pai, que nos deixou tão somente o Espírito Santo como Consolador, tudo com e na obediência de cruz.

Pense nisto 'chocólatras' de plantão...

Feliz Páscoa em Cristo Jesus!

Este sim, o verdadeiro sentido desta festa.

Abraços no doce amor de Jesus.

Maria Grizante.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Eclesiastes 11.1

"Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás."


Foi exatamente com este texto bíblico que abrimos o nosso I Café da Manhã com Deus na Garagem para o moradores da Avenida Industrial. Em sua maioria, travestis' escondendo meninos ceifados de sua adolescência e de seus sonhos.
A animação era grande. Gente chegando . Tudo pronto. O café mero pretexto para demonstrar tão somente o amor de Deus!

Até moradores mais antigos, envolveram-se no projeto do café, ofertando o seu melhor em forma de bolo de chocolate e um sorriso branco de doer. Tudo pronto para acolher, incluir e demonstrar amor verdadeiro. Amor ágape.

Algumas resistências naturais em adentrar no pequeno espaço, fruto da surpresa em serem aceitos. Cadeiras, mesas com toalhas bonitas e maná do céu. Nada de palavras duras ou que viessem a excluir, uma vez que este sentimento eles já os tem, e de sobra!
Olhares de 'o que vai acontecer aqui', enchiam a pequena garagem que disputava lugar com os sons de louvores que saiam de um teclado e um violão dispostos sem muita pompa. Até porque não cabia mesmo! O olhar terno do Pai, este sim, estava sobre todos.

Tudo exatamente como o planejado... por Deus. Nós, mero coadjuvantes neste cenário de graça e paz, sem o sabermos, estávamos sendo guiados para o que mudaria por completo nossas vidas e valores ditos cristãos. Sem nos darmos conta, estávamos no lugar certo, na hora certa e com as pessoas certas que nunca mais seriam as mesmas depois deste café com Deus!

Adoradores! Verdadeiros adoradores. Louvando. Servindo. Orando. Chorando. Abraçando. Acolhendo. Anotando pedidos de oração e, perguntando o nome... "de batismo?" O que você quiser nos falar. Expressão em forma de alívio, "vocês são diferentes mesmo!"
Uma certeza: acertamos em cheio o coração de Deus. Ou Ele acertou em cheio o nosso?Afinal este sonho estava primeiro no coração Dele! Como temos esta certeza? A continuação do capítulo onze de Eclesiastes verso 2:

"reparte com sete e ainda com oito...",

exatamente o número dos que levantaram suas mãos em sinal de que aceitavam Jesus. Aleluia!
Oito vidas preciosas, agraciadas com o derramar do amor de Deus naquela manhã, que em sinal de aprovação, sorriu assim: :)

Maria Grizante.






segunda-feira, 18 de abril de 2011

Jayme do Café


Estas são as fotos do Jayme e do que Deus fez e tem feito na vida dele. Congregando na Assembléia de Deus em Fortaleza, ele nos autorizou a divulgar estas fotos pois são para edificar e não por vaidade!

Antes e Depois da conversão


Igreja onde congrega


Tribo Kimyal Festeja a Chegada da Bíblia

"Deus enviou a sua palavra até nós, agora nós temos a verdade!"


Tribo Kimyal festeja com a chegada da Bíblia traduzida na lingua deles. Tradução feita pela missionária Rosa Kidd através de um plano de Deus colocado em seu coração. Vencendo muitas dúvidas sobre o plano de Deus e 15 anos de trabalho aprendendo a lingua, a tradução se completou em Março de 2010. Kimyal está localizada em Korupun, no oeste de Papua. A tribo tem mais ou menos 4 mil habitantes onde 98% (3.920pessoas) falam apenas a lingua nativa de Kimyal. Enquanto muitos paises rejeitam a palavra de Deus, não creem, fazem piadas, e ridicularizam as histórias da Bíblia em TV aberta, Deus leva a Sua palavra para aqueles que humildemente a recebem.

Assim disse Jesus:
"Porque, se vós crêsseis em Moisés, creríeis em mim; porque de mim escreveu ele. Mas, se não credes nos seus escritos, como crereis nas minhas palavras?"

João 5: 46,47


Café da Manhã com Deus.

"Os miseráveis não tem outro remédio a não ser a esperança."



Willian Shakespeare.


Alvoroço. Assunto misturado ao dia-a-dia. Os não envolvidos com o assunto (ou com Deus!), coube-lhes o óbvio: criticar.


Além de comentários, a Torcida do Contra Futebol Clube ganhava força, até com palavra de ordem: "Não vai dar certo (apitos)! Café da manhã na garagem para 'travestis'? Coisa de maluco! E cada vez mais crescia em profusão críticas, descrédito e negativismo.


Não é só 'café da manhã!'
É Café da Manhã, Louvor e Palavra!


"Não vai dar certo! (Torcida inquieta aos brados). Não vai dar certo!"


Nas madrugadas, quando garrafas são atiradas acompanhadas de xingamentos sem conta e gritos desafinados de sonhos desatinados, pensamos e sentimos desconforto. Até que ponto pode chegar a hostilidade do ser humano? Até ao ponto máximo, onde o valor de uma vida é igual a nada. Escolher a guerra ao invés de paz. A indiferença ao invés de compaixão. A exclusão ao invés da acolhida. O ar condicionado do egoísmo em detrimento do derreter de almas no inferno de suas muitas dores. Tudo na porta. Sofrimento pronta entrega! É só aumentar o som para calar os fritos de dor.


Mas também pensamos em o quanto o ser humano pode ser afável e carinhoso. Envolver-se.
Doar-se. Estar pronto a praticar o bem sem olhar a quem. Tal qual o inspirado filme: 'Corrente do Bem', há pessoas aguardando um convite param serem protagonistas e não mero figurantes do filme da vida. Fazendo a diferença para pessoas reais em tempo real. Não faltaram incentivadores e abençoadores do projeto. Pessoas comprometidas com tempo para orar e jejuar. Para sair no evangelismo-convite. Doar desde o café e o açúcar ao pão francês e a manteiga. Do leite e o chocolate até bolos de caçarola e de cenoura.


A gratidão estampada no rosto ao receber o convite em sulfite recortado com tesoura sem ponta, já valeu a pena. Sorriso de surpresa valendo como 'sim' em retribuição ao convite. "Na igreja não vou não! Ninguém aceita a gente lá não!" Mas Jesus te aceita! Ele disse: 'vem filho amado como esta'. Olhos marejados, nossos e dos convidados. Continuamos dizendo que Jesus olha o nosso coração e não o nosso exterior.
"No café da manhã vou sim e levo mais comigo! Pedimos uma igreja e Deus mandou um café da manhã com louvor, agora temos que ir senão fica feio."


Domingo de manhã. Trinta e um de Maio de dois mil e dez. O primeiro a chegar por volta das sete e meia, foi um majestoso pudim de leite condensado, com calda e tudo. Doação da irmã de uma denominação cristã-oriental. Agradecemos e partimos para a divisão da guloseima. Fato peculiar aconteceu que merece ser registrado: vinte e quatro copinhos em vinte e quatro partes iguais do pudim todos com calda! Contados e recontados. A certeza reconfortante, sabemos contar!


Saímos com o carro popular em busca das doações previamente contatadas. Na primeira padaria, o dono estava certo de que seria abençoado. Não parava mais de mandar embrulhar bolos e pães doces sem conta. Pronto, encheu o porta-malas! Sobrando pouquíssimo espaço, fomos à segunda padaria. Banco traseiro lotado. Duzentos pães estalando. Abençoados sejam os padeiros e donos de padaria! Oramos ali mesmo agradecendo e voltamos para casa, digo, garagem.


Mesa com descartáveis e guardanapos. Outra com garrafas de café, leite e sucos. Uma terceira com pães, bolos e demais guloseimas compunham o visual de encher os olhos naquela garagem tão especial quanto imprescindível para a realização deste que seria o primeiro café na garagem com Deus.


A primeira pessoa a chegar, de maneira muito discreta, com calça jeans e sem grandes produções de acessórios ou maquilagem peculiar, tomou seu lugar e ficou observando tudo desde a finalização da arrumação até a recepção dos convidados. "É ser humano", respondi a uma senhora que queria saber se era travesti. Ouvi um riso da pessoa sentada atrás de mim, como que aprovando minha resposta.
Bíblia ajeitada sobre a bolsa na cadeira. Ainda que não viesse mais ninguém, o café com Deus já teria seu valor por esta vida. Mas Deus queria nos surpreender. E surpreendeu!


Tudo pronto. Pessoas que trabalharam, oraram e continuavam intercedendo, aguardavam. Oferecemos então o pequeno banquete à primeira pessoa que havia chego. Resposta: "estou em consagração". Sem graça e sem palavras, concordamos. Interrompemos o grupo de louvor em seu entusiasmo e oramos.


Exatamente vinte e quatro convidados no total. Quando perguntávamos o nome de cada um para registrarmos em nosso caderno e orarmos, ouvíamos um 'Deus me conhece, Ele sabe o meu nome!' Mas podem me chamar de Daiane. Suelen. Jessica. Angel. Maria Paula. Paola. Michele. Jenifer...
O primeiro convidado no entanto, respondeu com toda a sinceridade de seu coração: 'chegará o dia em que direi meu nome verdadeiro e de registro. Por enquanto, podem me chamar de Renata.






O louvor enchia o pequeno lugar:



"Quero ser como criança

Te amar pelo que és .

Voltar a inocência ,

E acreditar em Ti...



Não posso viver longe do teu amor , Senhor ...



Abraça-me .

Abraça-me com Teus braços de amor ."



...E Deus abraçou cada vida naquela garagem na Avenida Industrial.

Mesa farta. Louvores. Palavra.

O choro inundou o lugar desbancando o preconceito.

Abraços foram incluídos como prática de vida e não teoria de vidas amareladas de doutrinas.

Quinze vidas aceitaram Jesus na hora do apelo.

Sim! Jesus estava presente na Avenida Industrial. Aleluia!



Maria Grizante.






Jesus Nasce para Todos!

Que em mais este feriado prolongado, onde tudo é lembrado, ovos de Páscoa de multíplos tamanhos, com bombons recheados com trufas, brinquedinhos, crocante, meio-amargo, etc, Jesus seja lembrado ao menos nos lares cristãos!
Não vai viajar? Tenho um convite, quase um desafio: Vamos Evangelizar?
Vamos em busca da centésima ovelha?

Jesus espera você neste compromisso inadiável.

FELIZ PÁSCOA!!!!!!!!!!!

quinta-feira, 14 de abril de 2011

José aceitou Jesus lá em Casa!

Não é manchete de jornal, mas merecia. Há alguns dias ele rondava a casa. Travesti decadente em final de carreira. Quase 40 anos. Foi atropelado e entregue a própria sorte até que o serviço de resgate viesse buscá-lo para levar ao PS. Bebida alcoólica e drogas ajudavam a manter a realidade surreal. Nariz quebrado e corpo escultural pré-fabricado comprometido. Pés inchados denunciavam retenção de liquido e efeitos nocivos do silicone no organismo. Enfim, o fim. “Estrela” totalmente solitária deixava sua “vida artística”, de cabeça erguida. Não se deixou vencer pelo orgulho e saiu em busca de ajuda. Bateu numa porta e obteve um não seguido de amém. Outra porta, com toda sorte de ofertas a permanecer no submundo, e foi sugerida outra porta. Ao receber de oferta uma garrafa de cerveja enquanto aguardava sua ajuda chegar, ficou olhando e admirando como era tentador retroceder. Resistiu. O carro embicou na garagem no exato momento em que ia molhar a boca do líquido cruel que não modificou em nada sua vida nos últimos 20 anos. Pediu ajuda. Levamos para dentro de casa. Uma certeza nos movia a alma. Uma voz sussurrava: ‘Estou no controle!’ Jantamos. E, ali, no meio da sala, aceitou Jesus como Senhor e Salvador de sua vida, e comprometeu-se a mudá-la a partir daquele instante. O passado apagado. Glória a Deus. Uma nova história! Oferecemos a garagem para dormir. Colchão com lençol e cobertor. Noite fria. Dormiu num sofá úmido na noite anterior. Não parava de agradecer. Escova de dente, calça de moletom e camiseta de doação. Adormeceu na Paz do Senhor. O barulho da Avenida ressoou como canção de ninar de muitos anjos a cuidarem de seu sono, agora com Jesus. Dia seguinte, falar com Jesus, responsável pela casa de recuperação. Triagem. Exigências. Deus no controle. Tudo certo. Pronto socorro e consulta. Pedido de exames. Medo de injeção? Não! Atestado médico em negrito, ‘nada consta e boa saúde’. Resgate das roupas na antiga morada. Lembrança de dores. Admissão. Responsável assina a ficha. Um novo tempo. Recomeço. Esperança! Gratidão e um pedido: ‘Vem me visitar?’. ‘Somos sua família agora!’. Um abraço selou desde a batida na porta até o desfecho final. Mudança de vida. O mal não venceu! Aleluia! A misericórdia de Deus alcançou e prevaleceu. Glória a Deus! Um presente servi-Lo sem sair de casa. Em meio a tantos programas de televisão e desculpas prontas para não estudar e meditar em Deus, Ele nos surpreende. Prova-nos. Noite que José aceitou Jesus lá em casa. Obs.: Ele não ficou na casa de Jesus. Motivo? Não ser soropositivo. Após quatro dias, foi-se embora. A semente foi lançada. Jesus, o Filho de Deus, não desistiu da 100ª ovelha.


Aleluia!


Maria Grizante.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

AVENIDA INDUSTRIAL

“Todo cristão que aceita cegamente as opiniões da maioria e segue, por medo ou timidez, o caminho da conveniência ou da aprovação social torna-se mentalmente e espiritualmente num escravo”.



Martin Luther King



AVENIDA INDUSTRIAL


Desde sempre me incomodo com as diferenças sociais e as indiferenças institucionais. Jogando o lixo para debaixo do tapete de suas vaidades cheirando a mofo e antialérgicos as pencas a amenizarem os sintomas de seu desamor e indiferença. Absolvem-se arrecadando roupas usadas quando lhes convém, sal e fubá (sobras de cestas básicas) enviando para desvalidos, desabrigados e assemelhados. No ‘envelope’, lembretes a Deus: ‘tenho sido caridoso!’


Quando mudamos para a avenida mais conhecida da cidade, não por sua beleza, nos arredores do Parque Celso Daniel, nem pela divisa que faz com a famosa cidade que tem um dos IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) mais altos do país, pensávamos tão somente em casa com quintal para ter um cachorro e, facilitar a proximidade com o centro da cidade, facilitando acesso a escolas, trabalho, rede credenciada do convênio, passeios ao shopping e ao parque (nessa ordem). Igreja não incluída, pois não fazíamos parte de nenhuma denominação na época.


Não demoraram as críticas de familiares e amigos de que o local era promiscuo e perigoso para as crianças. A justificativa de que o aluguel mais em conta, e a facilidade de acesso a tudo, funcionava bem como argumento e, punha fim às críticas. Enfim, para quem estava sem carro, era literalmente uma ‘mão na roda’.


Logo, o ‘pessoal da rua’, passou a ser mero detalhe na paisagem da nossa nova casa. Assobradada com quintal na frente, que não ficávamos devido à movimentação intensa dia e noite, de carros em profusão nos vários pontos de prostituição existentes ao longo da avenida. Nos fundos, outro quintal. Com plantas, cachorras, espaço para brincar e (que luxo!) até lugar privilegiado e com sol pela manhã para montar piscina plástica nos dias de calor.


Não raras às vezes em que, ao chegarmos de madrugada de vigílias de oração promovidas pela igreja local encontrávamos penduradas no portão, bolsinhas ‘pink’, verde limão e outras sempre de cores fosforescentes descansando na nossa maçaneta. Após ‘bom dia’ amarelo e ainda sem sol seguido de pedidos de desculpas, entrávamos para o sono dos justos na certeza de que os anjos acampados, sequer cochilavam.


Na rotina diária de escola, maiores de transporte público e menores de transporte escolar, mal prestávamos atenção aos movimentos da avenida. Final de ano, inviável a transferência. Logo terminaria o ano letivo e, consequentemente a mudança de escola para uma mais próxima era certeza. Estudavam em período integral e, quando chegavam à tarde quase noite, com o jantar quase pronto, queriam contar tudo ao mesmo tempo do trajeto para a escola (ida e volta) e dos ‘travecos’. Repreendíamos a menor, que não era assim que deveria se referir, mas sim ao 'pessoal da rua' e já entenderíamos do que e de quem se tratava. Na mais absoluta inocência, e na ansiedade por contar sempre mais uma novidade, lá vinha à pequena dizer que: ‘mãe, eu vi ôôô... ’ E gaguejava. De novo: ‘mãe, eu vi ôôô... ’ E engolia. Na terceira tentativa saiu: ‘mãe, eu vi o pessoal da rua que é traveco!’

Nossa escolha foi ensinar incansavelmente que, ao se referirem ao ‘pessoal da rua’, deveríamos enxergá-los com o mesmo olhar de Jesus, pois Ele certamente, os enxergaria com Seu olhar de amor. E mais, deveríamos sempre lembrar de orar por eles. ‘E se a gente esquecer?’, perguntavam. O Espírito Santo nos fará lembrar. Ele, sempre nos fará lembrar.

Maria Grizante