segunda-feira, 9 de maio de 2011

Livres Para Alcançarmos Mais

Eram poucos na Avenida. Domingo. Dia das Mães. Ainda assim, saímos em dupla (e era somente uma dupla mesmo!). Nada contra ovelha que não pode ir. Saímos em busca da centésima ovelha! Engraçado. Ovelha buscando ovelha. Ovelha mãe e ovelha filha. Antes assim... Melhor obedecer ao Pastor. Não sei que horas vai cobrar a tarefa...

Sempre nos tratam muito bem, pois sentem sinceridade e amor de Deus. Somos adeptas do "Indo..." ao invés do “Ide”, até pelo alcance. A impressão é a de que nos tornamos maiores, alcançando mais como que numa elasticidade divinal evangelística. Livres para alcançarmos mais. Não tem como não associar a frase que parece com "slogan" de loja de departamentos ou hipermercados (sim, pois tudo hoje é “hiper”!) com um locutor bradando a venda de TV de LCD assemelhando-se a feira-livre.

Manhã tímida e ainda insegura sem definir se quente se fria! Uma certeza nos preenchia a alma: Deus está no controle. Como sempre! O pretexto nas mãos em forma de pacotinho brilhante com dois chocolates “BIS”, amarrado com fitilho e uma singela mensagem alusiva ao dia. Espírito Santo dirigindo.

Com curiosidade, os dois travestis nos observavam. “O que estaria fazendo aquela dupla num Domingo de manhã na Avenida Industrial ao invés de estarem preparando ou se preparando para almoçar em família, com suas... Mães?” Nos seguiam os olhares e chamaram outros três. “O que teria naquela sacola de marca de chocolate famoso se a Páscoa tinha sido a muitos Domingos atrás?”

“Eu só quero estar onde Tu estás...” Este louvor sempre nos vem à mente quando estamos fazendo adorando com este trabalho com o pessoal de rua. Sejam travestis, garotas de programa, moradores de rua, dependentes químicos, enfim, população que vive à margem! Mães não esquecem... Mães que oram incansáveis para que alguém da parte de Deus os acolha e os ame. E Ele ouve, capacita e envia para estarmos onde Ele quer que estejamos. No exato dia, hora e lugar.

Paramos. Conversamos. Perguntamos nomes de suas mães. Entregamos lembretes. A mensagem é a de que Jesus se importa com todas as vidas. “Minha mãe é tudo”, dizem com veemência. Concordamos e reforçamos: ‘Jesus é tudo nas nossas vidas. ’

Saldo final em menos de duas horas de evangelismo: treze travestis. Alguns já conhecidos nossos, ainda que de vista. Alguns novatos tanto para nós quanto para a Avenida que os adotou. Famílias, digo, mães, longe, muito longe dali. Estados do Norte e predominantemente Nordeste. Unânimes em pedir orações para suas mães. Apenas um deles pediu oração ali mesmo na hora! Oramos. Chorou. Ficaram surpresos e felizes por estarmos num Domingo que não era como outro qualquer, entregando uma mensagem de vida em meio ao caos. Alguns sob forte ressaca não entenderam muito bem o propósito. Entenderiam a mensagem posteriormente. Perguntaram se fazemos sempre este trabalho e, demonstrando interesse neste Jesus do qual se afastaram, nos comprometemos retornar sem perder a oportunidade de um convite para o Café na Garagem com Deus. Com um abraço de mãe nos despedimos.

Concluímos o evangelismo com sentimento de dever cumprido. E para não nos fiarmos em nossas vaidades pessoais, o lembrete do Pai vem certeiro na Segunda Carta do Apóstolo Paulo aos Coríntios 10.17:


“Quem, porém, se gloria, glorie-se no Senhor.”




Maria Grizante.

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