quinta-feira, 18 de agosto de 2011





Alento aos Desolados com a Igreja



(Leonardo Boff - Teólogo. Filósofo. Escritor)



Atualmente há muita desolação com referência à Igreja Católica institucional. Verifica-se uma dupla emigração: uma exterior, pessoas que abandonam concretamente a Igreja e outra interior, as que permanecem nela; mas, não a sentem mais como um lar espiritual. Continuam a crer apesar da Igreja.





E não é para menos. O atual Papa tomou algumas iniciativas radicais que dividiram o corpo eclesial. Assumiu uma rota de confronto com dois importantes episcopados, o alemão e francês, ao introduzir a missa em latim; elaborou uma esdrúxula reconciliação com a Igreja cismática dos seguidores de Lefebvre; esvaziou as principais intuições renovadoras do Concílio Vaticano II, especialmente o ecumenismo, negando, ofensivamente, o título de "Igreja” às demais Igrejas que não sejam a Católica e a Ortodoxa; ainda como Cardeal mostrou-se gravemente leniente com os pedófilos; sua relação para com a AIDS beira os limites da desumanidade. A atual Igreja Católica mergulhou num inverno rigoroso. A base social de apoio ao modelo velhista do atual Papa é constituída por grupos conservadores, mais interessados nas performances mediáticas, na lógica do mercado, do que propor uma mensagem adequada aos graves problemas atuais. Oferecem um "cristianismo-prozac”, apto para anestesiar consciências angustiadas, mas alienado face à humanidade sofredora.





Urge animar estes cristãos em vias de emigração com aquilo que é essencial ao Cristianismo. Seguramente não é a Igreja que não foi objeto da pregação de Jesus. Ele anunciou um sonho, o Reino de Deus, em contraposição com o Reino de César, Reino de Deus que representa uma revolução absoluta das relações desde as individuais até as divinas e cósmicas.





O Cristianismo compareceu primeiramente na história como movimento e como o caminho de Cristo. Ele é anterior a sua sedimentação nos quatro evangelhos e nas doutrinas. O caráter de caminho espiritual é um tipo de cristianismo que possui seu próprio curso. Geralmente vive à margem e, às vezes, em distância crítica da instituição oficial. Mas nasce e se alimenta do permanente fascínio pela figura e pela mensagem libertária e espiritual de Jesus de Nazaré. Inicialmente tido como "heresia dos Nazarenos” (At 24,5) ou simplesmente "heresia” (At 28,22) no sentido de "grupelho”, o Cristianismo foi lentamente ganhando autonomia até seus seguidores, nos Atos dos Apóstolos (11,36), serem chamados de "cristãos.”



O movimento de Jesus certamente é a força mais vigorosa do Cristianismo, mais que as Igrejas, por não estar enquadrado nas instituições ou aprisionado em doutrinas e dogmas. É composto por todo tipo de gente, das mais variadas culturas e tradições, até por agnósticos e ateus que se deixam tocar pela figura corajosa de Jesus, pelo sonho que anunciou, um Reino de amor e de liberdade, por sua ética de amor incondicional, especialmente aos pobres e aos oprimidos e pela forma como assumiu o drama humano, no meio de humilhações, torturas e da execução na cruz. Apresentou uma imagem de Deus tão íntima e amiga da vida, que é difícil furtar-se a ela até por quem não crê em Deus. Muitos chegam a dizer: "se existe um Deus, este deve ser aquele que traz os traços do Deus de Jesus”.





Esse cristianismo como caminho espiritual é o que realmente conta. No entanto, de movimento, ele muito cedo ganhou a forma de instituição religiosa com vários modos de organização. Em seu seio se elaboraram as várias interpretações da figura de Jesus que se transformaram em doutrinas e foram recolhidas pelos atuais evangelhos. As igrejas, ao assumirem caráter institucional, estabeleceram critérios de pertença e de exclusão, doutrinas como referência identitária e ritos próprios de celebrar. Quem explica tal fenômeno é a sociologia e não a teologia. A instituição sempre vive em tensão com o caminho espiritual. Ótimo quando caminham juntas, mas é raro. O decisivo é, no entanto, o caminho espiritual. Este tem a força de alimentar uma visão espiritual da vida e de animar o sentido da caminhada humana.





O problemático na Igreja romano-católica é sua pretensão de ser a única verdadeira. O correto é todas as igrejas se reconhecerem mutuamente, pois todas revelam dimensões diferentes e complementares do Nazareno. O importante é que o cristianismo mantenha seu caráter de caminho espiritual. É ele que pode sustentar a tantos cristãos e cristãs face à mediocridade e à irrelevância em que caiu a Igreja atual.




MCM (Movimento Contra a Miséria). Naoamiseria.blogspot.com



O texto expressa a opinião do autor. Contudo, pensamos ser de oportuna reflexão para o Corpo de Cristo.



Maria Grizante.

sábado, 13 de agosto de 2011

Bom dia!




A importância da vida não é ser importante.
O importante é ser especial e você é! :)

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

SALMOS 23


O Senhor é o meu Pastor, e nada me faltará.

Deitar-me faz em pastos verdejantes; guia-me mansamente a águas tranquilas.

Refrigera minha alma; guia-me nas veredas da justiça por amor do seu nome.

Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu estas comigo, a tua vara e o teu cajado me consolam.

Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos; unges com óleo a minha cabeça, o meu cálice transborda.

Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida, e habitarei na casa do Senhor por longos dias.


Salmo de Davi.






quinta-feira, 11 de agosto de 2011


Eles Não Conheceram DEUS!

Graça e Paz a todos! Bendito seja o povo de Deus, escolhido para ser amado.

Excesso de Prosperidade

Domingo à noite. Confortavelmente o povo de Deus sai de suas igrejas e templos. Missão cumprida. O ar condicionado em temperatura ambiente estava perfeito. Grupo de louvor, harmonioso. A palavra do pregador, exortando a responsabilidade e compromisso. A semana começando abençoada. Sorrisos esbanjados para si mesmos. Vitoriosos. Prósperos! Abastado povo de Deus.

Vivemos a era dos excessos. Tudo em exagero. Família com quatro pessoas? Quatro carros. Óbvio! Um celular não! Um aparelho com, no mínimo, quatro “chip”. Funções infinitas de penúltima geração. Um computador? Para evitar a disputa acirrada, melhor cada um ter o seu. Aparelhos de TV dispostos em cada cômodo da casa. Palavra chave: comodidade. Silêncio às refeições, senão atrapalha o horário nobre! Até propagando interessa, pois vira comentário no trabalho, escola ou faculdade. Do “Encontro com Deus”, restou uma vaga lembrança de Wall.E?

Notícia extraordinária: Economia em Crise! Não pode ser! O filho logo vê uma corrente na internet para não consumir produtos fabricados aos aspirantes a potência mundial. Isto acirraria ainda mais a crise financeira da grande potência. Economistas. Cientistas. Filósofos. Artistas. Religiosos. Políticos. Astronautas. Enfim, grandes personalidades da mídia interplanetária dão o seu parecer na rede: como sobreviverão ao caos econômico? E a nação madrinha do “fast-food”, clama no Parque: Deus, nos Salve!

Morte Precoce na Somália

A Somália morre lenta e silenciosamente. Sem alarde. Vidas sem esperança. A morte dói menos que a fome. Implacável. Quem quer ver morte de desvalidos na Somália? E correr o risco de estragar a pizza com tomate seco e borda recheada? Onde fica a Somália mesmo? Num esforço de escuta, quase uma indignação: “tadinho” deles!

População condenada a morrer de fome. Fome é conflito? Talvez a mão em concha esperando o pão do céu seja uma arma letal aos olhos insaciáveis do mundo. Ou a dignidade aviltada na imagem de crianças abandonadas à própria sorte numa estrada de morte, cause ameaça iminente. A cena de crianças com choro inaudível, inanição, rodeadas de moscas, olhar perdido, ossos à mostra, nos faz pensar em saídas rápidas e práticas: Alguma voluntária como Agnes Gonxha, ou Madre Tereza de Calcutá na Somália? Fácil não! Transfere-se a responsabilidade para quem tenha feito à opção preferencial pelo pobre. Subnutridos assistidos. Condenados à morte, uma nova chance. É só aguardar notícias de ex-oprimidos-famintos na TV de plasma como noticia de segundos finais de telejornal. No rol de tantas orações, um clamor: Deus Socorra a Somália!

Fala Deus!!!

E a igreja vai dormir seu sono justo, com seu cartão de ponto dominical, devidamente acomodado até o próximo compromisso com Deus. A roupa de “ver Deus”, devidamente guardada de forma cerimonial. Sentimento de ‘missão cumprida’. Afinal, orou pela paz mundial. A expansão do Reino. Justiça social. O desempregado. O morador de rua. Pelo fim da prostituição de crianças, travestis e garotas de programa. Libertação de dependentes químicos. Cura aos enfermos. Consolo aos enlutados. Recomeço às vítimas de catástrofes... Enfim, pelo órfão, a viúva e o estrangeiro.

Não foi Jesus quem pediu aos amigos próximos que vigiassem enquanto ele orava? E enquanto dormíamos o sono dos justos, com mortes anunciadas na soleira da porta suplicando pão, um coração foi desperto e ouviu o grito de fome.

E o socorro não veio de potências em crise e seus umbigos à mostra. Nem das vergonhas expostas de ricos falidos em seus bilhões perdidos na queda da bolsa. O socorro veio da terra do reggae. Do som que contagia porque toca na alma. Dom de Deus. É de lá, da Jamaica que vem o socorro. Do Clã de Marley uma campanha pelo fim da fome aos irmãos da Somália. Numa canção de 1973 de Bob tratando desta mesma dor. Louvado seja Deus!

E perguntas que não querem calar: os prósperos em excesso herdarão o céu? E os mortos pela fome que não conheceram Deus? E os gananciosos globalizados? Será que Bob Marley herdará? E Madre Tereza, aquela que se repatriou de Calcutá? Quem poderá dizer a não ser Aquele que sonda o nosso coração e conhece nossos pensamentos, ainda que a palavra não tenha saído à boca... Mas, e se a palavra saiu, e somente Deus ouviu?

Quão insondáveis são os Seus pensamentos...

Maria Grizante.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

The Hollies - 1969

"Ele Não É Um Fardo! Ele É Meu Irmão"!




Quantas vezes eu, e provavelmente você também, já ouvimos essa bela canção. Mas, como eu, você também, suponho, desconhecia a circunstância que a inspirou... Pois aí está... Tanto quanto para mim, espero que seja do seu agrado. Para quem ainda não se sente desprendido o suficiente para agir como sugere a letra da música, vai um consolo: "Se você se emocionar, sentindo essa emoção dentro do seu coração, alegre-se: a semente já está plantada, e a terra é fértil!"

Para os saudosistas, amantes da boa música... Essa é uma música da época de juventude dos anos 60, mas sempre será atual, visto que nada mudou!!!! É sobre a entidade "Missão dos Órfãos", em Washington, DC. Foi lá que ficou eternizada a música "He ain't heavy, he is my brother", dos "The Hollies ", (você pode não estar lembrando da música, mas depois de ouvir, se lembrará do grande sucesso!)

A história conta que certa noite, em uma forte nevasca, na sede da entidade, um padre plantonista ouviu alguém bater na porta. Ao abri-la deparou com um menino coberto de neve, com poucas roupas, trazendo em suas costas, outro menino mais novo. A fome estampada no rosto, o frio e a miséria dos dois comoveram o padre. O sacerdote mandou-os entrar e exclamou: Ele deve ser muito pesado. O que carregava disse: Ele não pesa, ele é meu irmão (He ain't heavy, he is my brother) Eles não eram irmãos de sangue realmente.... Eram irmãos da rua.

O autor da música soube do caso e se inspirou para compô-la, e da frase fez o refrão. Os dois meninos foram adotados pela instituição. Essa história é inspiradora nestes dias de falta de solidariedade, de violência e de egoísmo.

Domínio Público.


quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Geração Amy


Embora tenha relutado em escrever algo sobre a morte anunciada de Amy, este jovem de São José do Rio Preto, interior de São Paulo, disse tudo o que é necessário ser dito, refletido e repensado em nossos valores e juízos.

Nunca foi tão oportuno problematizar a morte ceifada de uma vida louca e breve. Nada de heróis que morreram de “overdose”. Nada de julgamentos que não nos cabe. Pois, esta é a geração que grita sua rebeldia em libras.

Todos nós somos Amy

Amy é o símbolo de uma juventude que, quanto mais dons e talentos tem, mais se enterra na superficialidade e falta de perspectiva pela vida. No mundo de hoje temos tudo. E não temos nada...

Estamos formando jovens fracos como cristais, que quebram ao primeiro impacto das desilusões da existência. Se antes havia ideais de luta por um futuro melhor, o que sobrou hoje foi o interesse por consumir - e se consumir - no presente, como se não houvesse amanhã. E Renato Russo já disse, “se você parar pra pensar, na verdade não há”. Mentira! O amanhã sempre existirá e é justamente o resultado do que você é hoje. Não temos ideais, não temos sonhos, matamos os valores e nos suicidamos pela falta deles. Falar de Deus, família, felicidade, realização pessoal e afins se tornou vergonhoso. Até porque, já não acreditamos em mais nada disso. Temos vergonha dos nossos pais e com isso fazemos a vida ter vergonha do que estamos fazendo com ela.

O negócio é ser aceito a qualquer custo, vestir roupas de grife e ter destaque numa sociedade que não cansa de produzir novos destaques tão duradouros quanto a fama e o sucesso de um participante do BBB.
Os ideais coletivos de luta por um país melhor foram trocados pela vontade egoísta de ter posição social. Nos individualizamos ao ponto de esquecer que só os valores e princípios nos mantêm firmes e que, na hora do aperto, as pessoas que mais desprezamos são as que mais estarão do nosso lado. O digam os pais de Amy, que nesta hora são os únicos que choram com sinceridade a perda de uma filha que teve tudo, inclusive amor.

Os shoppings e casas noturnas estão cada vez mais lotados de gente cada vez mais vazia. Estar na moda e viver de aparências é regra para grande parte da sociedade moderna que já não sabe mais o que fazer com tanta modernidade. Aprendemos a manipular e operar as mais complexas inovações e tecnologias, mas não conseguimos sequer olhar para as nossas mais primárias emoções. Aprendemos na escola - quando aprendemos - a resolver as mais complexas equações de álgebra, física, mecatrônica e química, mas não conseguimos na maioria das vezes compreender e resolver pequenos problemas que angustiam o nosso íntimo.
Marchamos por qualquer coisa, reclamamos por qualquer fato, nos destruímos por qualquer prazer. Somos adeptos do “viva o momento”, sem pensar que nós fazemos as escolhas e as escolhas nos fazem.

Não nos cabe julgar, jamais, mas Amy, já pode ser considerada o ícone de uma juventude que, sem fé em Deus e em si mesma, caminha depressivamente para uma vala escura chamada morte.

De: Mario Welber


Maria Grizante.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011





"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho único, para que todo aquele que nele crer, não morra mas tenha vida eterna."





(João 3.16)
















O Mundo Precisa de Amor


Definitivamente o mundo precisa do amor de Jesus!

Um amor puro e incondicional. Desprovido de vaidades, máscaras ou interesses que desvalorizem a moldura. Vulgarizem a obra. Arranhem a perfeita imagem.

Amor presente em auroras, sem efeitos ou distorções boreais, tocando no profundo d’alma.

O mundo precisa de um amor que acorde de madrugada em noite de inverno e ore pela paz mundial; porta de emprego ao vizinho; aos mutilados do canavial; conhecimento para os jovens iletrados e excluídos; responsabilidade nas ações dos homens; leito garantido à gestante com ou sem risco; cuidado com o idoso terminal.

Leito de rua sem padrão de hospital; vala comum, sem nome ou purpurina.

Quiçá um codinome.

Fim de injustiças e a ética em favor do social? Só com Amor. Só com Amor.

O mundo precisa de um amor que respeite a vida.

Respeite as escolhas. Por vezes a única para continuar vivo. Não cabe juízo.

Indicador que aponta e quatro que condenam.

Juiz? Seu nome é Justiça.

Vida perdida, confundida em atitude insana. Engana quem vê.

Julgada pela cor da pele. A dignidade por um fio.

Homem livre sem direito a voz.

Condenado por iguais. Miscigenados somos!

E pensar que o desamor virou tema banal em horário nobre!

Vida sem preço. Integridade? Apenas um detalhe. A câmera não mostra.

E o amor sem compromisso? Este em local de luxo com liturgias iguais de casas grandes fechadas em dia de luta e abertas ao sol.

Hora marcada para falar de amor.

Até quando esta passível e permissiva segregação, pretensa proteção?

Igual ameaçado até que prove o contrário. Primeiro a ‘mãe-mídia’.

Mídia? Amor? Depende da tribo; da ‘grife’; do dialeto próprio aprendido no folhetim semanal; da audiência campeã em atrofiar o que restou.

Mas o amor venceu! Aleluia!

Como um beija-flor enfrentando incêndio em reserva florestal, quer conter as chamas e aplacar a fome do fogo em seu quintal!

Nossa reserva agoniza. O mal assola o ar. Último fôlego antes do fim.

Desassemelhados homens, insistem em querem calar as folhas de outonos para debaixo do tapete. Persa? Sem essa? Nada de cessar o aconchego do inverno!

Mas a primavera sempre ressurge cantando. É hora de fazer verão.

Definitivamente, o mundo precisa do Amor que nasceu, escolheu viver entre nós. Obedeceu morrer. E ressuscitou ao terceiro dia.

Amém.

Maria Grizante.