quinta-feira, 11 de agosto de 2011


Eles Não Conheceram DEUS!

Graça e Paz a todos! Bendito seja o povo de Deus, escolhido para ser amado.

Excesso de Prosperidade

Domingo à noite. Confortavelmente o povo de Deus sai de suas igrejas e templos. Missão cumprida. O ar condicionado em temperatura ambiente estava perfeito. Grupo de louvor, harmonioso. A palavra do pregador, exortando a responsabilidade e compromisso. A semana começando abençoada. Sorrisos esbanjados para si mesmos. Vitoriosos. Prósperos! Abastado povo de Deus.

Vivemos a era dos excessos. Tudo em exagero. Família com quatro pessoas? Quatro carros. Óbvio! Um celular não! Um aparelho com, no mínimo, quatro “chip”. Funções infinitas de penúltima geração. Um computador? Para evitar a disputa acirrada, melhor cada um ter o seu. Aparelhos de TV dispostos em cada cômodo da casa. Palavra chave: comodidade. Silêncio às refeições, senão atrapalha o horário nobre! Até propagando interessa, pois vira comentário no trabalho, escola ou faculdade. Do “Encontro com Deus”, restou uma vaga lembrança de Wall.E?

Notícia extraordinária: Economia em Crise! Não pode ser! O filho logo vê uma corrente na internet para não consumir produtos fabricados aos aspirantes a potência mundial. Isto acirraria ainda mais a crise financeira da grande potência. Economistas. Cientistas. Filósofos. Artistas. Religiosos. Políticos. Astronautas. Enfim, grandes personalidades da mídia interplanetária dão o seu parecer na rede: como sobreviverão ao caos econômico? E a nação madrinha do “fast-food”, clama no Parque: Deus, nos Salve!

Morte Precoce na Somália

A Somália morre lenta e silenciosamente. Sem alarde. Vidas sem esperança. A morte dói menos que a fome. Implacável. Quem quer ver morte de desvalidos na Somália? E correr o risco de estragar a pizza com tomate seco e borda recheada? Onde fica a Somália mesmo? Num esforço de escuta, quase uma indignação: “tadinho” deles!

População condenada a morrer de fome. Fome é conflito? Talvez a mão em concha esperando o pão do céu seja uma arma letal aos olhos insaciáveis do mundo. Ou a dignidade aviltada na imagem de crianças abandonadas à própria sorte numa estrada de morte, cause ameaça iminente. A cena de crianças com choro inaudível, inanição, rodeadas de moscas, olhar perdido, ossos à mostra, nos faz pensar em saídas rápidas e práticas: Alguma voluntária como Agnes Gonxha, ou Madre Tereza de Calcutá na Somália? Fácil não! Transfere-se a responsabilidade para quem tenha feito à opção preferencial pelo pobre. Subnutridos assistidos. Condenados à morte, uma nova chance. É só aguardar notícias de ex-oprimidos-famintos na TV de plasma como noticia de segundos finais de telejornal. No rol de tantas orações, um clamor: Deus Socorra a Somália!

Fala Deus!!!

E a igreja vai dormir seu sono justo, com seu cartão de ponto dominical, devidamente acomodado até o próximo compromisso com Deus. A roupa de “ver Deus”, devidamente guardada de forma cerimonial. Sentimento de ‘missão cumprida’. Afinal, orou pela paz mundial. A expansão do Reino. Justiça social. O desempregado. O morador de rua. Pelo fim da prostituição de crianças, travestis e garotas de programa. Libertação de dependentes químicos. Cura aos enfermos. Consolo aos enlutados. Recomeço às vítimas de catástrofes... Enfim, pelo órfão, a viúva e o estrangeiro.

Não foi Jesus quem pediu aos amigos próximos que vigiassem enquanto ele orava? E enquanto dormíamos o sono dos justos, com mortes anunciadas na soleira da porta suplicando pão, um coração foi desperto e ouviu o grito de fome.

E o socorro não veio de potências em crise e seus umbigos à mostra. Nem das vergonhas expostas de ricos falidos em seus bilhões perdidos na queda da bolsa. O socorro veio da terra do reggae. Do som que contagia porque toca na alma. Dom de Deus. É de lá, da Jamaica que vem o socorro. Do Clã de Marley uma campanha pelo fim da fome aos irmãos da Somália. Numa canção de 1973 de Bob tratando desta mesma dor. Louvado seja Deus!

E perguntas que não querem calar: os prósperos em excesso herdarão o céu? E os mortos pela fome que não conheceram Deus? E os gananciosos globalizados? Será que Bob Marley herdará? E Madre Tereza, aquela que se repatriou de Calcutá? Quem poderá dizer a não ser Aquele que sonda o nosso coração e conhece nossos pensamentos, ainda que a palavra não tenha saído à boca... Mas, e se a palavra saiu, e somente Deus ouviu?

Quão insondáveis são os Seus pensamentos...

Maria Grizante.

Nenhum comentário:

Postar um comentário