quinta-feira, 13 de outubro de 2011



AOS MESTRES SEM CARINHO:
FELIZ (?) DIA DOS PROFESSORES!

Trabalhadores de rosto desfigurado e cansaço estampado retratando o heroico ofício de ensinar além do que foi pensado no gabinete de alguém. No espaço chamado escola, dois mais dois, há tempos não é igual a quatro. Lugar onde a cola não compensa, dispensa comentário, o submundo invade a revelia, e discursos inflamados dão conta de que tudo vai mudar e o que muda é o surto do educador a cada novo dia.

Educador e mestre que insiste em ensinar aos quase futuros eleitores o que não aprenderam no berço, culpa do social, econômico, visceral, do salário pouco, mensal. No horário nobre, notícia vil, mais um ponto no ibope do telejornal.

Se forem mulheres, desvalorizadas, taxadas apenas de “mal-casadas”, como disse alguém que foi alfabetizado, berço de ouro e amamentado por peito de aluguel, ignora a realidade de faculdade as portas da idade cruel. Se forem homens, que escolheram formar gente, urgente, do caos da obra de Dante, ou antes, que a morte os separe, família aguarda sustento, minimamente decente.

Mães de Paraíso ignorado, humilhada em sala de aula, ouvindo com constrangimento: “Cala boca sua vadia!”, calafrio no verão, vê perpetuada a regra, sem exceção, de descaso e falência deste sistema prisional, digo, educacional, falido e moribundo, uma pá de terra em troca do pão.

E não tem vez... A pessoa que fez... Faculdade e inglês...
Rachou português... Inscrição pagou o ex... Passou no concurso do mês.
Sonhou a profissão! Zumbi em procissão! Ensinar é inclusão!
Vida de gado é a opção? Qual é a sugestão? Uma nova concepção.

E educador sobrevive aos muitos arranhões. Inspira cuidados!
Agonizante Falta de Educação, ocupando leito de UTI, sem previsão... De alta.
“Cala a boca, e me proteja do próximo tiro na sua cara!".
Insanos ignoram os gritos, esses malditos, donos do poder. Pagam pra ver!
A greve que não dura tanta pressão, reportagem dando conta de que o problema e a solução são professores comprometidos com o que só se lê no dicionário ou na Constituição: Direito do Cidadão em Formação Dever do Estado.
Estado eleitoral. Fubá garantido no fim do mês. É eleição!
Pátio sem amarelinha, a rima não marca. Qual é o celular? É eleição!
E esta geração. Sem rumo. Perdida. Sem perspectiva... De formação.
Carros blindados, dos herdeiros do imposto público, criam seus filhos longe da escola de merenda duvidosa. Escárnio e resto para os da outra classe. Enquanto que o abastado, babá até envelhecer. Carro do ano, só importado. Gente é pino de boliche, não cabe agora, tratar do eterno trote de ver pobre sofrer e, por fim, morrer. Neste grupo, a contragosto, professor é incluído, morre a cada novo período... Mês... Ano letivo... Sua arma é o giz, sua defesa, o conhecimento. Sem cumprir o ofício, não de carcereiro e muito menos de bobo da corte, vai escrevendo história de herói sem trilha sonora, na contramão o dom de ser um EDUCADOR!

Texto dedicado a todos os professores mutilados, adoecidos e humilhados e que ainda insistem:
"...sin perder la ternura jamas!" (Ernesto Che Guevara).

Maria Grizante.

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